O que é um BONSAI?
A palavra bonsai, traduzida à letra, significa “árvore em vaso”. Esta é, contudo, uma definição lata que tem de ser explicada. Talvez seja mais fácil explicar o que o bonsai não é. O bonsai não é uma variedade anã nem uma miniatura de árvore conseguida por passos de magia. Manter as raízes confinadas num vaso auxilia a mobilidade e permite uma composição uniformizada, mas também não é isso que mantém um bonsai pequeno e bonito. O tamanho, a forma e o atrativo de um bonsai dependem totalmente da dedicação do seu dono aos cuidados diários, do seu gosto e da sua aptidão artística.
Ninguém sabe quando surgiu a ideia de que se podia dar forma a árvores, em recipientes, para imitar as suas correlativas de tamanho real. Contudo, há provas claras de que os chineses já o faziam há mais de 2000 anos. Pinturas desse período retratam vasos com árvores e pedras, que parecem paisagens em miniatura. No entanto, foram os japoneses que retomaram, aperfeiçoaram e desenvolveram a prática desta arte.
Grande parte da cultura e arte japonesas sofreram, ao longo da história, a influencia dos chineses. A escrita japonesa até utiliza, na palavra bonsai, os mesmos caracteres que a chinesa. Contudo, nos últimos séculos, estas duas culturas foram-se distinguindo uma da outra. Na China, bonsai (pronuncia-se “punsai) ou penjing, ainda inclui elementos de uma paisagem.
As próprias árvores podem parecer imitar animais e as que tem formas bizarras, aspecto pouco natural e raízes expostas são, frequentemente as mais apreciadas.
Os japoneses simplificaram a imagem do bonsai, resumindo-o aos seus elementos básicos. Aperfeiçoaram quer os aspectos hortícolas quer os artísticos da cultura do bonsai, numa extensão tão abrangente que estabeleceram padrões, de tal modo elevados, que se tornaram quase impossíveis de seguir pelo resto do mundo.
Certos estilos clássicos foram definidos tendo por base as posições dos troncos. As posições ideais dos ramos, as proporções da árvore, a forma dos troncos e o seu receptáculo, foram todas aperfeiçoadas por eles.
As primeiras exposições importantes de árvores bonsai tiveram lugar no Japão, no início do século XX. Este foi um ponto de viragem. Pela primeira vez, o público em geral e os ricos patronos das artes juntaram-se, para reconhecerem o valor artístico dos bonsais, e o número de produtores profissionais aumentou consideravelmente.
Nos anos 20, um terremoto destruiu uma grande porção da principal área de plantação de bonsai, na ilha de Hocaido. Grande número de árvores se perderam e muitos dos praticantes mais talentosos do país pereceram. Com a típica determinação dos japonese, um grupo de sobreviventes fundou uma aldeia de bonsai em Omiya, nos arredores de Tóquio, onde começou a cultivar, mais uma vez, as atrativas árvores em miniatura.
Omiya foi praticamente absorvida pela rápida expansão urbana dos subúrbios de Tóquio. Contudo, alguns dos viveiros originais ainda aí estão, muitos pertencendo aos descendentes dos mestres fundadores.
Outros países, no Extremo Oriente, também tem tradições seculares na cultura de bonsais. A Coréia, Vietnã, Taiwan, Indonésia entre outros, têm ótimos produtores e desenvolveram estilos nacionais distintos. As distinções estilísticas entres os povos são, frequentemente, o resultado das diferenças climáticas. Cada zona climática tem suas espécies de árvores disponíveis para os artistas locais trabalharem. Os diferentes padrões de crescimento, as respostas individuais às técnicas de modelagem e formas naturais inigualáveis de cada espécie, são fatores que influenciam o aparecimento de estilos nacionais ou regionais, tal como a região, a herança em termos de arte, as estrutura econômicas e sociais. é interessante notar que, nos países onde o nível de vida é geralmente elevado, os bonsais são maioria, mais luxuriantes e mais aperfeiçoados. Naqueles em que a maior parte da população ocupa o tempo a trabalhar, os bonsais são mais modestos.
O bonsai não é apenas um passatempo para os ricos e desocupados, mas envolve algumas despesas e exige uma considerável disponibilidade de tempo e dedicação para ter sucesso.
O bonsai não é uma arte estática. Apesar de os critérios da prática clássica serem muito rigorosos, há muito potencial criativo para oferecer ao artista imaginativo e com jeito para as plantas. À medida que os métodos antigos foram cedendo lugar à mudança, diversos estilos clássicos novos foram aceitos e o desenvolvimento de técnicas modernas permitiu aos produtores fazerem coisas que, anteriormente, eram impossíveis. No entanto, há uma coisa que permanecerá imutável: a sensação de alegria que se alcança por se poder contemplar a obra-prima da arte viva que é o Bonsai.
Texto extraído de PRESCOTT, David; (consultor Colin Lewis) – Manual do Bonsai. Ed. Estampa. Lisboa, 2002.